Grupo faz 10 dias de cavalgadas pela região
No lombo de cavalos, cavaleiros de Biguaçu, que passaram por Santa Rosa de Lima no último domingo, percorrem oito municípios durante retiro
O roteiro é longo e será cumprido em 10 dias por uma tropa de nove cavaleiros com seus 19 animais. Biguaçu, Angelina, Rancho Queimado, Anitápolis, Santa Rosa de Lima, Grão-Pará, Urubici e São Joaquim estão no percurso dos “Tropeiros de Biguaçu”, como se autodenomina, o grupo que passa pelos municípios da região e se orgulha de fazer “como nos velhos tempos”.
“Diferente de outros grupos, nós não utilizamos caminhão e pessoal de apoio. Comida, roupas, equipamentos e materiais para tratar dos animais, assim como a cachaça, tudo vai nas cangalhas e bruacas no lombo dos cavalos. Como no velho estilo tropeiro, as tralhas nós temos que trazer”, afirma sorridente Ernesto Farias, o líder do grupo que passou domingo pela Capital da Agroecologia
Na hora das refeições, ocorre a parada e eles próprios fazem fogo e preparam a comida. Os cavaleiros completam em uníssono que o fundamental para o sucesso da tropeada é os cavalos estarem bem alimentados, saudáveis e tranquilos. Por isso, o principal é a qualidade dos potreiros nos pousos. Para os homens, o essencial são as boas acolhidas e as amizades conquistadas ao longo do caminho. “O pessoal da Serra é muito hospitaleiro. É muito bom ouvir uma pessoa que não conhecíamos dizer: ‘passem outras vezes. Fazia tempo que não víamos isso. Parabéns! Continuem fazendo. Nossas portas estarão abertas para vocês’ ”, afirma Astrogildo de Souza, um dos participantes.
A saída de Biguaçu ocorreu na tarde do primeiro dia de 2013. O retorno se dará, com todos em caminhão, no dia 12. Nesta edição, a maioria é de adultos que trabalham como autônomos. Há um adolescente e um aposentado. O líder vive exclusivamente da lida com cavalo: doma, ferra, cuida, etc. Ele conta que essas tropeadas longas são uma espécie de retiro: “muito cansativo para o corpo, mas um descanso para a mente”. Por isso, elas são aguardadas pelos membros do grupo ao longo de todo ao ano. “Assim como outros brasileiros contam os dias para o Carnaval, nós os contamos para chegar esse período. Tudo é muito divertido. Em cada pouso, juntam-se histórias para contar depois. Para saber mesmo, só participando”, completa Ernesto.
Santa Rosa de Lima no roteiro
Frente às alternativas de “subir” para São Joaquim por Alfredo Wagner ou pelo Campo dos Padres, a opção dos Tropeiros de Biguaçu por Santa Rosa de Lima se deu em função da amizade com o grupo de cavaleiros do município. Os cavaleiros de Santa Rosa de Lima dizem, inclusive, que uma passagem anterior do grupo do litoral teve influência determinante na criação do grupo local.
Astrogildo de Souza ressalta que um fator a mais para inclusão da Capital da Agroecologia no roteiro dos Tropeiros de Biguaçu foi o destaque que o município tem, no estado e no país, pela produção orgânica.
O “pouso” em SRL se deu na propriedade de Tito e Termir da Kuehl, na comunidade de Águas Mornas. A área foi cedida para o neto deles, Nilson Kuehl Júnior, que inicia ali, com total apoio e participação dos avós, diversas atividades relacionadas com cavalos. Juntos com Juninho estavam Eduardo, o “Chiquinho”, e Alencar, o “Zerinho”. Esse trio foi, a cavalo, até Anitápolis, para acolher e guiar os cavaleiros litorâneos, e no dia seguinte os acompanhou até o limite do município. Para Juninho, esse tipo de grupo é muito bom de receber, porque não tem luxo e tudo se dá numa relação de muita amizade, a partir do contato que surge da paixão pelos cavalos. Paixão que Chiquinho diz já ter passado para seu filho, que completava, exatamente naquele dia, um ano. Assim, pelo jeito, tropeiros e tropeadas, que estão na história de Santa Rosa de Lima, continuarão fazendo parte no futuro da vida e da paisagem da Capital da Agroecologia.
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