Motociclismo - Risco e Sensações
Motociclismo - Risco e Sensações
Não há como negar que muitos motociclistas, conhecidos como “motoqueiros” conduzem suas motos temerariamente, por ruas cheias de carros, buracos e pedestres que atravessam com desatenção.
Esses “motoqueiros” que ajudaram a criar a fama negativa das motos, conduzindo com irresponsabilidade e loucura seus bólidos perigosos, estão sendo finalmente reconhecidos e distinguidos dos reais motociclistas, nós que conduzimos com segurança, responsabilidade, atenção, prazer, sem desafiar o equilíbrio e o bom senso.
Quando o noticiário cita o grande número de acidentes com motociclistas, esquece de informar que existem “motoqueiros” e motociclistas, não citam os condutores de automóveis e caminhões enlouquecidos pelo infernal trânsito que ao volante não deixam para trás os problemas de suas vidas e exteriorizam seus recalques – às vezes até por não possuir uma motocicleta e a liberdade de pilotá-la...
Esses maus motoristas nunca são o alvo da notícia, a notícia sempre é sobre a motocicleta. O noticiário não relata as súbitas guinadas e mudança de faixa sem qualquer sinalização, as freadas maldosas e a falta de consideração em facilitar uma ultrapassagem.
Quando perdemos ou se acidenta um amigo motociclista, sempre em circunstâncias não bem explicadas, toda nossa comunidade fica em evidência e um insano furor contra todos os “motoqueiros” se instaura, como se sobre as duas rodas só rodassem irresponsáveis e insensíveis; como se apenas eles - esses selvagens envoltos em grossos blusões e mochilas nas costas praticassem acidentes.
Verifiquei recentemente que os pedestres brasileiros também não ficam atrás em matéria de desatenção e de cuidado. Muitos acreditam que motos não matam, e dançam diante delas, sem qualquer atenção ao atravessar as ruas numa indecisão que atemoriza e confunde e os motociclistas.
De uns anos para cá surgiu uma categoria nova desses abusados: os vendedores que aproveitam os engarrafamentos na hora do rush, circulando entre as filas de carros e olhando, desafiadoramente e sem se mover, o motociclista que se aproxima. Você já reparou isso?
Com mais de 50 anos sobre uma moto, vi a cidade de São Paulo crescer e o surgimento dos primeiros congestionamentos. No início não existia capacete, tudo era precário. Hoje temos eficazes equipamentos de proteção e procuro sempre pilotar equipado, protegido.
Entretanto, mesmo pilotando cada vez mais defensivamente, com cuidado e atenção redobrados venho notando, ano a ano, a piora sensível na capacidade de dirigir de nossos motoristas.
O uso de setas é desconsiderado pela maioria dos motoristas, que andam colado nos outros carros e até nas motos, ignorando faixas de pedestres e as mais básicas regras de respeito e convivência.
Alguns motoristas não respeitam motociclista, adoram intimidar nossos veículos de duas rodas, dando pequenas fechadas, espremendo as motos nos engarrafamentos e piscando faróis, exigindo passagem como se fossem os donos das estradas e ruas.
Em uma viagem de moto entramos em contato com nossos valores mais elevados, coisas como liberdade, respeito, responsabilidade, solidariedade, são sempre presentes.
Até mesmo nosso contato com o Criador é estimulado; nossa mente viaja também, medita, contempla. Diante de todas estas experiências olhamos para o dom maravilhoso que nos foi dado, a vida, e para aquele que nos deu tudo isso e somos levados a dizer, ainda que sem palavras: "muito obrigado".
Otavio Araujo – Gugu - 69 anos, motociclista a mais de 50, administrador, empresário em Taubaté/SP, roda de Honda Varadero XLV 1.000
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