Nutrição Equina: Primeira parte.
Ao contrario de outras espécies de interesse zootécnico, em que o criador busca um rápido crescimento e ganho de peso, os cavalos necessitam de uma dieta nutricional adequada a sua utilização. Os programas de alimentação para equinos variam conforme a idade, o sexo e a atividade a qual é destinado.
Potros com crescimento, éguas em lactação e gestação, garanhões e cavalos adultos em trabalho não conseguem satisfazer suas necessidades nutricionais somente com volumosos. Pelo menos, 50% de suas exigências diárias devem ser fornecidas pelos concentrados. O balanceamento correto da dieta resulta em um animal mais saudável e pronto para desenvolver o trabalho a que esta destinado.
Quando estão em seu ambiente natural à dieta dos cavalos é composta exclusivamente de vegetais e água. No pasto, os cavalos encontram basicamente, proteínas, carboidratos e sais minerais.
Devido à domesticação da espécie e principalmente, as atividades esportivas desenvolvidas por esses animais, as exigências nutricionais, básicas para o bom desempenho, aumentam de maneira bastante significativa.
Os alimentos comuns para cavalos geralmente são classificados em três categorias: volumosos, concentrados e suplementos. Os volumosos contêm alto teor de fibras e relativamente baixo teor em energia, incluem pastagens, palhas, culturas forrageiras e silagens. As pastagens e palhas são os volumosos mais comuns. Os concentrados são baixo teor de fibras e alto teor energético, incluem grãos e alguns subprodutos de grãos. Os suplementos são utilizados para balancear as rações e para ajustar as deficiências em proteína, minerais e vitaminas. Os suplementos protéicos podem ser de origem animal ou vegetal, enquanto muitos minerais estão presentes em substancias orgânicas e inorgânicas. Cada vitamina tem variadas fontes naturais e em determinadas instancias o cavalo pode sintetizá-la.
VOLUMOSOS Pastagens: são as mais utilizadas como fonte forrageira para animais estabulados ou em pastagem. Muitos cavalos são mantidos em pastagens de3 gramíneas, leguminosas e culturas.
Nas pastagens anuais há grande variação no conteúdo nutritivo, dependendo do tipo de pastagem e da estação de crescimento. No começo da estação de crescimento o pasto verde é alto em umidade e baixo em conteúdo energético, mais avançada a estação o conteúdo de umidade é mais baixo e o valor nutritivo é maior, porém a medida q continua a amadurecer fica mais deficiente em proteína, energia e outros nutrientes. Um programa de suplementação deve ser considerado para as pastagens durante os períodos baixos em nutrientes. Também é aconselhável que a pastagem seja mista, composta de uma ou duas gramíneas com uma ou duas leguminosas. A quantidade de pasto requerido por cavalo pode ser estimada. Em medi, um cavalo adulto consome 2,5% do seu peso vivo em matéria seca (MS) por dia. Então um cavalo adulto consome 1.3 kg de MS/dia ou 340,2 kg por mês. O mínimo seria 1 ha por cavalo adulto e 0,5 ha por pônei.
Fenos: é a forma mais comum de fornecimento de volumoso para equinos. É difícil para produzir ou ate comprar um feno de boa qualidade. Há muitas variedades na produção de feno, e a compreensão dos fatores que afetam a qualidade dos fenos ajudara a selecionar os melhores fenos.
A espécie de planta afeta certas qualidade de um bom feno. As leguminosas são mais altas em proteínas, energia, cálcio e vitamina A que as gramíneas. A mistura leguminosa e gramínea será benéfica para certos tipos de cavalos ou área geográfica.
Na seleção do feno confira o estádio de maturidade do feno, observando as folhas e as vagens das sementes. Sementes não maduras ou plantas em plena florescência devem estar presentes. As folhas são as partes da planta com maior qualidade, então procure por uma lata proporção de folhas em relação aos talos. Determine quais plantas estão no feno e a quantidade delas. Uma cor verde brilhante indica uma mínima quantidade de almejamento, branqueamento e perda de vitamina A, deve apresentar um bom cheiro, odores de mofo ou sujeira são indesejáveis, não deve haver material estranho devendo-se examinar com cuidado a presença de hastes, restolhos, ervas daninhas, sujeiras.
A quantidade de feno requerida pelos animais estabulados vai de 1 a 1,5% de seu peso vivo. As menores quantidades são usadas para animais de trabalho pesado, que recebem maior proporção de concentrados, e as maiores para animais em de descanso. Para animais estabulados como único alimento estes pode consumir de 12 a 15 kg em média fornece-se 1,2% do peso vivo ou 4 a 6 kg por dia por cabeça. Dois terços desse feno devem ser substituídos por forragem verde. Quando se dá feno de leguminosas a vontade os animais podem comer demais e sofrer indigestão.
Silagens: são alimentos suculentos, conservados em meio adequado na ausência de ar, após terem sido submetidos a fermentação. Geralmente são usados para o gado leiteiro e são pouco fornecidos para equinos, no entanto em alguns países elas são oferecidas para estes animais.
A silagem de milho de boa qualidade é um alimento de valor alimentar proveitoso e pode ser consumida na base de 30 a 35 kg por cabeça dia para animal pesado e para animal mais leve 15 a 20 kg.
A silagem não deve estar estragada ou mofada, pois pode ser toxica aos equinos. Como são alimentos fermentados alguns cavalos podem não querer come-los, deve-se fazer uma adaptação fornecendo pequenas quantidades aos poucos até se acostumarem. Usadas de preferência aos potros, éguas criadeiras, evitando para animais de trabalho pesado.
Palhas: possuem baixo valor nutritivo apesar disso apresentam interesse na alimentação de equinos. Levando em conta o temperamento deste animal à palha propicia uma ocupação que tem por conseqüência acalmar o animal, além disso, contribui para regularizar o transito digestivo e favorece uma atividade microbiana desejável no intestino grosso.
Em países de clima frio na Europa o uso de palhas de cereais é comum, quando os cavalos permanecem estabulados e inativos no inverno. No Brasil, o uso de palhas é raro, a não ser quando os animais a apanham espontaneamente no tempo seco.
Não havendo outra forragem volumosa, o cavalo pode ingerir até 25 kg de palha por dia, conforme seu tamanho.
Forragens desidratadas: em geral tem um valor alimentar elevado e são muito apreciadas pelos equinos, porém o entrave no maior uso é do elevado custo. São mais utilizadas nos EUA e França. Os cavalos de hípicas podem ser alimentados com alimentos completos aglomerados em complemento de palha ou feno, na maioria das vezes são fabricados com grandes quantidades de forragem desidratadas, em particular, de alfafa.
CONCENTRADOS Como o nome diz concentrados são alimentos que fornecem alta quantidade de energia alimentar e por essa razão, tem uma baixa fibra bruta (menos 18%). Como regra geral os concentrados nunca deveriam ultrapassar mais da metade do peso total do alimento ingerido pelo cavalo.
Os concentrados não devem ser fornecidos menos de 2 vezes por dia. Se a quantidade fornecida de 1 vez for maior que 3.5 kg aumente a freqüência de alimentação para 2 vezes ao dia em intervalos de 8 h, mas mantenha a ingestão total diariamente.
Grãos de cereais e subprodutos: são muito utilizados na alimentação de equinos, ricos em energia pela elevada taxa de amido que contém e muito digestíveis devido ao seu baixo teor de celulose (2% no milho a 10% na aveia).
Aveia- é o cereal mais comum a ser dado aos equinos. Baseado na energia, a aveia é o grão mais caro, pois, esta contém menos energia que os outros grãos de cereais, devendo ser ingerida em maior quantidade, podendo levar a problemas de laminite ou problemas digestivos. Cavalos de raça fina, como o puro sangue, recebem de 2 a 8 kg por animal por dia.
Cavalos em trabalho pesado ou em treinamento intensivo podem receber maiores quantidades.
Cevada- é comparável a aveia como alimento para equinos. Pode ser substituta da aveia se seu custo por unidade de energia for menor. A cevada é mais pobre em fibras que a aveia e é classificada como alimento pesado, seu grão é mais duro que da aveia por isso deve ser amassado antes de ser fornecido. Geralmente usa-se de 2 a 3 kg por dia por cabeça e para garanhões pode chegar a 4 e 5 kg. Pode ser dada como único grão na ração.
Centeio- é outro substituto parcial da aveia, podendo ser usado até 3 kg por dia em grãos inteiros, moídos, amassados, macerados ou cozidos; porém é menos apreciável que outros grãos. A planta pode ter fungo parasita que provoca distúrbios sérios como aborto nas éguas, intoxicações, etc.
Milho- pode ser dado em espiga, grão inteiro, quebrado, amassado, cozido, de molho, etc. A espiga pode também ser moída som sabugo e mesmo com palha, que contribui para evitar cólicas nos animais. O milho sob forma de quirera grossa é melhor aproveitado que sob forma de grãos inteiros e a pior maneira de se fornecer é em forma de fubá fino, que pode formar uma massa indigesta no estômago do animal.
A quantidade usada varia de 0 a 6 kg/dia/animal. Zero para animais de descanso, dispondo de pasto ou feno e 6 para animais grandes em trabalho pesado. Em média usa-se 2 a 3 kg para os que fazem trabalho médio e éguas com cria. Os potros em crescimento podem receber de 3 a 4,5 kg/dia e garanhões até 6 kg. O milho associado a um bom feno de leguminosas pode constituir uma ração equilibrada para diversas classes de equinos.
Trigo, grãos e farelo- o grão de trigo não deve ser dado de maneira exclusiva, mas junto a um volumoso. O trigo pelo fato de ter um teor elevado de proteína digestível (9,5%) constitui uma boa complementação para alimentos fibrosos como palha ou feno de má qualidade.
O farelo de trigo é adicionado a ração de grãos ou dado como um ensopado de farelo quente.
Em contraste com a crença popular o farelo não possui efeito laxativo, todavia aumenta a quantidade de fezes excretadas, é grosseiro, pobremente digerido e um alimento de baixa energia.
Comentários
Postar um comentário