Artigo - Na solidão
Na solidão do capacete as idéias se arranjam. O ruído constante e monótono dos quilômetros se sucedendo torna-se silêncio, ignorado... As paisagens vão sendo registradas no subconsciente, comparadas com tantas já vistas e arquivadas na memória. A toada constante e segura, a visão dos companheiros adiante e no retrovisor, as respostas precisas da máquina, tudo vai se tornando calma e a mente divaga... A pilotagem é Zen.
Num momento impreciso estou fervendo, defendendo ou renegando minhas próprias atitudes e pensamentos com uma honestidade que talvez não tivesse sequer diante de Deus. Estou passando a limpo...
Assuntos do passado, presente e futuro se mesclam e se completam. As luzes de freio do caminhão à minha frete piscam e a resposta é imediata. Estou no controle ! Acelero e ultrapasso.
Eu e minha garupa somos dois corpos colados e não obstante isso viajamos separados. Estamos sós, por detrás de nossos olhos e entre nossos ouvidos abafados. Quando paramos pra reabastecer nos damos conta disso. São viagens diferentes...
Apesar disso, uma bela montanha surge destacando-se na paisagem. Reduzo a marcha. Minha companheira capta automaticamente essa informação, saca da câmera e captura a foto. Estamos em sintonia. É a mesma viagem !
As horas passam e a chuva fina incomoda. Repenso as botas mais baratas, recalculo o orçamento e justifico a decisão. Me absolvo. Tolero a chuva que afinal nem é tanta e até já parou.
Lembro-me da rotina que deixei pra trás, dos compromissos e das pessoas. Forço-me a esquecer. Será que chegaremos à pousada antes do anoitecer ?
E assim a estrada passa, nas paradas algum alívio, café e prosa,. Na sequência o dia se esvai e o destino chega.
Os amigos se cumprimentam pela etapa vencida, entre risos as conexões se restabelecem, detalhes ajustados, a fome é saciada.
O cansaço se mostra após o relaxamento do banho depurador.
Me entrego àquela cama estranha e comum, ao abraço mais confortável e quente.
Mas o Sol não tarda, outra etapa aguarda. Em poucos minutos o sono embaça a mente.
Na solidão do travesseiro as idéias se apagam...
Caetano De Genaro Junior
Num momento impreciso estou fervendo, defendendo ou renegando minhas próprias atitudes e pensamentos com uma honestidade que talvez não tivesse sequer diante de Deus. Estou passando a limpo...
Assuntos do passado, presente e futuro se mesclam e se completam. As luzes de freio do caminhão à minha frete piscam e a resposta é imediata. Estou no controle ! Acelero e ultrapasso.
Eu e minha garupa somos dois corpos colados e não obstante isso viajamos separados. Estamos sós, por detrás de nossos olhos e entre nossos ouvidos abafados. Quando paramos pra reabastecer nos damos conta disso. São viagens diferentes...
Apesar disso, uma bela montanha surge destacando-se na paisagem. Reduzo a marcha. Minha companheira capta automaticamente essa informação, saca da câmera e captura a foto. Estamos em sintonia. É a mesma viagem !
As horas passam e a chuva fina incomoda. Repenso as botas mais baratas, recalculo o orçamento e justifico a decisão. Me absolvo. Tolero a chuva que afinal nem é tanta e até já parou.
Lembro-me da rotina que deixei pra trás, dos compromissos e das pessoas. Forço-me a esquecer. Será que chegaremos à pousada antes do anoitecer ?
E assim a estrada passa, nas paradas algum alívio, café e prosa,. Na sequência o dia se esvai e o destino chega.
Os amigos se cumprimentam pela etapa vencida, entre risos as conexões se restabelecem, detalhes ajustados, a fome é saciada.
O cansaço se mostra após o relaxamento do banho depurador.
Me entrego àquela cama estranha e comum, ao abraço mais confortável e quente.
Mas o Sol não tarda, outra etapa aguarda. Em poucos minutos o sono embaça a mente.
Na solidão do travesseiro as idéias se apagam...
Caetano De Genaro Junior
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