Postura Correta
A postura da cabeça é um item inserido
no estilo da marcha. Pouca importância ainda é dada á este aspecto,
pois nota-se uma supervalorização da dinâmica de locomoção em termos de
coordenação, flexão, elasticidade, energia e impulsão dos
deslocamentos.
Todavia, a
má postura da cabeça pode afetar negativamente cada um destes itens. O
primeiro efeito negativo é na ação da embocadura nos pontos de
controle, que são os seguintes:
No bridão – ponto principal de controle é nas comissuras labiais e ação secundária sobre as barras e lingua;
Freio-bridão
– pontos principais de controle sobre as comissuras labiais e queixo
pela ação da barbela. Ação secundária sobre as barras e a lingua;
Freio –
pontos principais de controle sobre as comissuras labiais, queixo pela
ação da barbela e palato pela ação da curvatura do bocal, pressionada
pelo efeito alavanca das hastes;
A postura
correta da cabeça é com o focinho apontado para o solo, em uma linha
vertical, formando um angulo entre 45 a aproximadamente 90 graus na
ligação cabeça/pescoço. A má postura mais prevalente é a do focinho
adiantado, em varios graus, até o extremo da postura popularmente
conhecida como “cabeça ponteira”. O oposto, ou seja, focinho
atrasado, também ocorre em varios graus, até o extremo da postura
popularmente conhecida como “cabeça encapotada”.
A má
postura da cabeça pode ser causada pela flexão sub-desenvolvida da
nuca, pela rejeição à embocadura, pela conformação defeituosa do
pescoço ou pela equitação inadequada.
A má
flexão da nuca é o erro mais comum, porque a maioria dos treinadores de
cavalos marchadores não preparam adequadamente a musculatura do
pescoço para facilitar a ação da embocadura. São duas as flexões a
serem gradativamente desenvolvidas: a flexão vertical, que se dá na
região da nuca, mais especificamente nas primeira e segunda vertebras
cervicais, e a flexão lateral, que se dá nas duas vertebras cervicais
seguintes, que permitem ao cavalo girar o seu pescoço sem movimentar o
tronco. A flexão lateral como um todo é mais abrangente, pois também
envolve o flexionamento de tronco e membros.
A
rejeição à embocadura também é um erro comum. Primeiro, pelo mal uso do
bridão, por tempo muito prolongado. O bridão exerce efeito elevatório
da cabeça e, portanto, não é embocadura apropriada para conduzir
exercicios de flexionamento da nuca, mas sim os exercicios de flexão
lateral, pela sua açao de redeas diretas. O equipamento adequado para
conduzir os exercícios de flexão, rotineiramente, é o hackamore
apropriado aos cavalos marchadores. Segundo, porque a boca raramente é
avaliada antes do uso da embocadura. Pontas de dentes, dente de lobo,
muda de dentição, textura das barras e linguas, largura e altura do
palato, ferimentos, calosidades, são os aspectos a serem avaliados.
Terceiro, porque a maioria dos treinadores não fazem a adaptação de um a
dois dias, deixando a nova embocadura na boca antes de acionar as
redeas. Terceiro, porque as transições de embocaduras nem sempre são
corretas quanto ao grau de severidade da ação.
Entretanto,
é oportuno ressaltar que não existe embocadura severa em boca de
cavalo corretamente adestrado, pois este será facilmente conduzido
pelos comandos de pernas e assento, sendo as rédeas eventualmente
acionadas para auxiliar na direção do movimento.
A
conformação defeituosa do pescoço não era prevalente até as infusões
sucessivas e generalizadas de sangue da raça Mangalarga. Anteriormente à
esta agressão ao Padrão Racial, e crime na esfera do Ministério da
Agricultura, a forma e direção predominantes do pescoço do Mangalarga
Marchador original eram exatamente as definidas pelo Padrão Racial:
Piramidal obliqua. Atualmente, nota-se um numero significativo de
animais portadores de pescoço apresentando inversão parcial ou total, o
que dificulta a postura correta da cabeça, que tende a se manter em
uma posição mais elevada e com o focinho adiantado.
Quanto ao
fator má equitação, o que se nota nas exposições é um assento mais
adiantado, com apoio nos estribos, não para estribar como era tipico da
equitação de campo dos cavalos de MTAD – Marcha de Triplicas Apoios
Definidos, mas sim para aliviar os atritos verticais da marcha
excessivamente diagonalizada. O modelo de sela utilizado em exposições
não favorece a equitação correta. A postura classica muito forçada de
equitação que se observa foi uma herança da escola militar de equitação
introduzida na ABCCMM a partir da década de 90 do século passado.
Obviamente, não é um estilo de equitação compativel com o desempenho da
marcha original do cavalo Mangalarga Marchador.
A marcha
excessivamente diagonalizada requer treinamento em marcha de velocidade
acima do normal, com deslocamentos exageradamente avantes e
flexionados. Rapidamente, os cavalos são condiconados a apoiar
demasiadamente na embocadura, que por sua vez não é a correta, que
deveria ser o freio de primeiro ou segundo estágio, dependendo do grau
de adestramento. As embocaduras mais utilizadas têm sido o bridão, que é
para cavalos iniciantes e o freio-bridão, que é uma embocadura de
transição, como o próprio nome indica. Raramente, um cavalo estará
pronto de rédeas ( o que implica no flexionamento correto ) sem o uso
do freio convencional, em alguns casos, até mesmo o freio de terceiro
estágio.
A
realidade é que um grande numero de cavalos náo se apresentam em
exposições adequadamente preparados quanto à postura da cabeça. Este
mal preparo pode trazer consequências ainda piores para o bom
desempenho quando se trata do uso em provas funcionais de
maneabilidade, de adestramento e nas cavalgadas ao longo de trilhas em
regiões de topografia montanhosa.
*Lúcio Sérgio de Andrade –
Zootecnista, escritor, árbitro de equideos marchadores, Pedidos de
livros e DVD’s através da LOJA VIRTUAL DO CAVALO DE MARCHA, hospedada
no site www.equicenterpublicacoes.com.br, onde também são disponibilizadas embcaduras e equipamento especializado para doma e treinamento de cavalos de marc
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