Marcha para agradar, não para enganar
Por todo o Brasil acontecem
Concursos de Marcha para eqüinos ao longo do ano. São competições já
consagradas e inseridas em nossa cultura rural. Certamente, é a
atividade eqüestre mais praticada no país.
Em
um Concurso de Marcha, o juiz avalia os concorrentes em categorias
separadas, para machos e femeas, das raças Campolina, Mangalarga
Marchador, Piquira e Pampa, além da tradicional Prova de Marcha dos
muares Pêga. Entretanto, na Bahia, Estado que aloja a maior população
de equídeos do país, onde acontece anualmente o Campeonato Baiano
Cavalo de Passeio, os concursos são divididos em : Marcha Picada,
Marcha Batida, Largo, Marcha Trotada e Trote. Em muitos eventos, são
freqüentes os concursos paralelos, para escolha dos três melhores
cavaleiros mirins e amazonas. .
Nas
pistas de julgamento, geralmente ovaladas e de grama, freqüentemente
adaptadas em campos de futebol, as cercas ficam cheias com as torcidas
organizadas, que fazem muito barulho. A pressão sobre o juiz é
tremenda. Às vezes, sobra para a mãe do juiz também. As vaias são
usuais e sempre acontecem quando o "Doutor" julga dando preferencia
para a tal "Marcha Diagonal", da moda, imposta pela Associação
Brasileira dos Criadores do cavalo Mangalarga Marchador. Já as marchas
"Picada" e de "Centro", são unanimidades, pois todos aprovam. As
diferenças entre os concorrentes passam a se prender em aspectos
inseridos nos parâmetros de avaliação técnica: Comodidade, Estilo,
Regularidade, Rendimento.
No
quesito Comodidade, que é o mais relevante, em se tratando de um
eqüino de marcha, o juiz deve montar para sentir o nível dos abalos,
ou atritos, resultantes dos apoios de cascos e eventuais oscilações
indesejáveis dos membros.
Quanto ao Estilo, o juiz avalia a elegância dos deslocamentos, a harmonia, energia, equilíbrio, estabilidade da garupa, pescoço e da cabeça.
A Regularidade é um quesito mais fácil de ser avaliado. Uma vez iniciado o concurso, que tem duração variando entre 20 a 40 minutos, o animal deve permanecer na mesma cadência e tipo de movimentação. .
Quanto ao Estilo, o juiz avalia a elegância dos deslocamentos, a harmonia, energia, equilíbrio, estabilidade da garupa, pescoço e da cabeça.
A Regularidade é um quesito mais fácil de ser avaliado. Uma vez iniciado o concurso, que tem duração variando entre 20 a 40 minutos, o animal deve permanecer na mesma cadência e tipo de movimentação. .
O
quesito rendimento é dos mais polêmicos, pois cavaleiros espertos
forçam o ritmo da marcha, às vezes tentando mascarar uma marcha que
chamamos de "bastarda", pois deriva do Trote, herdado de algum dos
ancestrais. Na verdade, o rendimento da marcha relaciona-se com a
amplitude dos deslocamentos e não, necessariamente, à velocidade. Em um
Concurso de Marcha, as velocidades de competição variam de 12 a 15
Km/h, podendo alcançar mais de 20 Km/h na modalidade conhecida como
"Largo", a qual faz tremendo sucesso nos Estados Unidos (Paso Finos de
Performance) e na Alemanha (Iceland Poney). No Brasil, em um passado
não muito distante, o "cavalo de largo" era aquele escolhido para
buscar a parteira no vilarejo mais próximo.
Indubitavelmente,
o cavalo de marcha é uma realidade nacional, uma verdadeira paixão
nos finais de semana, em regiões localizadas longe da orla marítima.
Dezenas de associações e centenas de núcleos e clubes de criadores que
congregam aficcionados por este tipo de cavalo, promovem os Concursos
de Marcha, que deveriam servir de referencial para as elites que
comandam os rumos da criação nacional, através do Serviço de Registro
Genealógico e das Exposições oficiais (Especializadas e nacionais),
nas quais os resultados dos Concursos de Marcha quase sempre
desagradam a maioria dos espectadores.
Os
padrões raciais aprovados pelo Ministério da Agricultura definem
muito bem as boas marchas. Contudo, o velho e sempre novo "jeitinho
brasileiro" inventa modismos que somente enganam aqueles que não
conhecem uma marcha pura, ou que jamais sentiram a satisfação de
montar em um cavalo de "Marcha "Picada" ou de Marcha de "Centro",
aquelas legitimas, sutis, com o animal "rolando" seus membros com
extrema suavidade e brilhantismo, em um descompasso que produz ruídos
que mais parecem uma orquestra sinfônica afinada. Marchar para
agradar, não para enganar, eis a questão!
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