Mangalarga Marchador




 Fundada em 1748 em Alter do Chão, no Alentejo, a Coudelaria de Alter nasceu com o objetivo de conservar “as raças de cavalos que se acham estabelecidas nas terras do Estado da Casa de Bragança (…) para que cheguem à maior perfeição.” Uma das primeiras missões da Coudelaria de Alter foi desenvolver uma linhagem especial de cavalos, que seria dedicada à equitação e ao uso de reis e nobres. Entre 1751 e 1757, chegam ao criadouro quase 300 éguas andaluzas da melhor estirpe, parte selecionadas em haras espanhóis, parte na Coudelaria Portel, também pertencente à Coroa portuguesa. Do cruzamento com garanhões ibéricos do Picadeiro Real, surge o alter-real, raça que se tornaria célebre, na Europa, pela coragem e adequação ao adestramento clássico – e que, mais tarde, ficaria conhecida no Brasil como o único ancestral inequívoco do manga-larga marchador.

Através de acasalamentos com outros cavalos ibéricos igualmente trazidos ao Brasil desde o século XVI pelos colonizadores portugueses, provavelmente bérberes, sorraias e garranos, nasceu o manga-larga marchador, raça de cavalos de sela dóceis, inteligentes e extremamente cômodos devido ao seu andamento marchado.

O manga-larga marchador tem quatro andamentos: além do passo e galope, duas marchas naturais, a diagonal batida e a lateral picada. Como o nome da raça implica, o manga-larga marchador tem na marcha natural sua característica mais marcante. A marcha é um andamento intermediário – mais acelerado que o passo e menos veloz que o galope – que substitui o trote em algumas espécies. Com vantagens: graças a uma mecânica intrincada e complexa, que garante ao cavalo apoio permanente, ela poupa o cavaleiro de parte significativa dos impactos verticais e das oscilações laterais produzidos pelo trote. O resultado é uma comodidade incomum, mesmo a velocidades de até 12 km/hora. Tanto a comodidade dos impactos reduzidos quanto a segurança da marcha do manga-larga marchador decorrem da particularidade mecânica que é a chave desse andamento: o tríplice apoio. Em cada passada da marcha, o cavalo se apoia, várias vezes e alternadamente, sobre duas pernas e sobre três pernas. Parte do tempo, o animal está sobre tríplice apoio; parte sobre apoio bipedal, ora no sentido diagonal, ora lateral. Como resultado dessa alternância rapidíssima de apoios – que os potros da raça já nascem sabendo executar -, o marchador nunca perde o contato com o chão. Na marcha não há, como no trote, momentos de suspensão total.

* Trecho retirado do livro: Mangalarga Marchador do Brasil

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